Dos meus amigos, da família e, principalmente, dos meus colegas.
Eu nunca me senti assim, como sendo "a sortuda".
Não. Eu era a "maluca", a "que devia estar grávida, de certeza abosulta", a "weirdo", a "nova demais para casar", a "que pertence a algum culto esquisito, sem dúvida", a "doente terminal, só isso explica o motivo de casar tão jovem", a "patética", a "burra", a "estúpida", a "ignorante" e tantos outros nomes bonitos que fui ouvindo, aqui e ali, por tomar esta decisão tão jovem.
O nosso casamento aos 20 anos, a meio duma licenciatura, estava destinado ao fracasso.
Mas fui feliz. Fui muito, muito, muito feliz. E sou, somos, muito muito muito felizes.
Sem fachadas, sem perfeições, sem pretensões a nada, sem corações cor-de-rosa e nicknames fofinhos. Somos felizes quando nos chateamos e somos felizes quando estamos bem.
Nunca me arrependi desta decisão. E é engraçado, porque não conheço pessoa mais indecisa do que eu, mas esta decisão foi fácil, fácil...
E definitiva. E acertada.
E hoje sou conhecida como "a sortuda", a "invejada", a "que fez a escolha certa", a "que tem a vida perfeita". Isto dito por colegas de 30/40 anos, que "viveram a vida" e olham para trás sem se lembrar de nada em especial. Hoje arrependem-se de não ter sido mais "burros", mais "ignorantes", mais "patéticos" porque almejam a vida desses.
E também eu me sinto a feliz, a que tem a vida perfeita, um marido que amo, e é o meu melhor amigo, um trabalho que nem gosto nem desgosto (porque basicamente era tudo muito lindo no início, mas agora é uma grande seca) mas que me permite ter uma vida folgada e dedicar-me àquilo que me vou lembrar daqui a 30, 40, 50 anos: o sorriso dele, os abraços dele nas manhãs perguiçosas, andarmos de mãos dadas ao final do dia, os fins de tarde a três, os risos sem nexo sobre coisas parvas, os jantares sempre juntos, as noites de aconchego e conchinha, os beijos sempre longos e prolongados, as conversas sérias sobre o passado e o futuro, as borboletas no meu estômago quando me diz aquelas coisas que só ele sabe...
E agora posso ter tudo isto a dobrar. Um amor a dobrar.
Yep, Mi is lucky!
2 comentários:
Lindo testemunho.
Gostei. e concordo contigo e melhor, ainda bem que te consideras lucky, é bom saber reconhecer o bom da vida.
E mais nada! :)
Que venha muita mais felicidade e momentos para recordar!!
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