quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Where have you gone?

Eu devia ter sido chamada de Mi Madalena. 

É que era choro por isto, choro por aquilo
Se estava contente, chorava de alegria. 
Se estava triste, claro chorava de tristeza. 
Quando estava stressada ou nervosa, chorava de irritação. 
Quando sentia dor, chorava por fraqueza.
Quando não sentia nada, chorava pelo vazio. 

Durante a gravidez, ai é que foi um pranto sem fim! Chorei desde o início ao fim... Chorei porque não queria ser mãe. Chorei porque não iria saber ser mãe. Chorei porque tinha tantos outros projectos que iam ficar suspensos. Chorei pela minha "juventude" perdida e por ser obrigada a crescer, mais uma vez. Chorei por estar longe do meu país. Chorei por nem sequer saber o que devia comprar. Chorei pela solidão. Chorei pela alegria de ver as reacções dos outros. Chorei de agradecimento pelas atitudes de quem não esperava. 
E chorei, chorei, chorei... 

Até o dia 13 de Outubro. Quando a M. nasceu. Quando era suposto eu chorar! E não chorei. Não me emcoionei. Não chorei de alegria, não chorei de tristeza, não chorei de amargura, não chorei de ansiedade... 
Não chorei e pronto. 

Os 3 meses depois foram de novo regados por muitas lágrimas e pensei "a Mi Madalena veio ao de cima novamente"... Mas não. Quando os baby blues passaram, o choro foi-se de novo... 
Não se enganem, não digo que a ansiedade, a angústia, a tristeza, o desânimo, o pesar, a saudade, o nervosismo, a dor não estejam cá... Estão cá todinhas. 
Mas não saem lá para fora em forma de lágrima... Simplesmente não saem. Ficam cá dentro, agarradinhas dentro de um órgão qualquer e negam-se a sair, seja de que forma for. 

E hoje é que reparei nisto. Reparei que as lágrimas secaram e que perdi a sensibilidade exterior... 
A dor de perder o meu avó está cá. Mas não sai. 
A dor de ver a minha avó ir embora sem saber quando a verei de novo, está cá. Mas não sai. 
A dor de entregar a M. todos os dias e rumar a um trabalho sem excitação, está cá. Mas não sai. 
A dor de ter perdido o encanto por ele, está cá. Mas não sai. 

Nem a felicidade sai em forma de lágrima. 
Não saiu quando ela começou a dar os primeiros passinhos.
Não saiu quando ela disse "mamã".
Não saiu quando ela se agarrou a mim e me deu um beijinho pela primeira vez... 
Não sai quando a M. esboça *aquele* sorriso. 
E a felicidade está cá... Sei que está! 

Será que em toda a vida temos um determinado número de lágrimas e, quando antecipadamente as gastamos todas, já não voltam? Como os dentes? 

Se não, para onde foram as minhas? 



Até breve,
Mi♥

3 comentários:

Unknown disse...

Há quem diga que sim... que as lágrimas estão contadas! :)
Não te preocupes... talvez estejas mais forte ou simplesmente te tornaste numa nova Mi, desde o dia 13 de Outubro.

Navegante de Mercúrio disse...

Concordo com a OhSoGood. Estás mais forte, mais segura de ti e das coisas. Cresceste. Com tudo o que choraste durante a fase de gravidez, amadureceste. E descobriste que por vezes pintamos mesmo um quadro negro quando não é bem assim...
Mas também não é por isso que as lágrimas não te virão, não penses nisso! Basta o teu sorriso nos momentos bons e o teu olhar nos momentos menos bons... ah e até porque se a Mi chorona regressar, acredito que a M. te irá fazer companhia "sonora" ;) eheh
Beijinho

Mi♥ disse...

Sim, é verdade que me sinto mais forte. Ou menos piegas. :)
Desvaloriza-se muita coisa e tudo ganha uma nova "cor"! Que cliché, mas tão verdade... ;)
Não é que eu sinta assim muita muita muita falta das lágrimas... É só que às vezes passo por egoísta ou bi-atch por ser tão indiferente a certas questões. Tudo isto enquanto tenho um nó imenso na garganta. Mas quem não entender, não entende e pronto.
Beijinhos :)
E Obrigada por estarem aí...