terça-feira, 2 de outubro de 2012

Mudanças da maternidade #2

Passámos mesmo ao lado de Dachau, ao irmos para Munique.



Se eu fosse a mesma do passado, obcecada por tudo quanto é relacionado com a Segunda Guerra Mundial, aquela cujos alguns livros preferidos sao "O diário de Anne Frank" (o primeiro livro que li "à séria") ou "Até ao Fim" de Traudl Junge, "Despojos de Berlim", "A Ilha na Rua dos Pássaros" e outros, teria fincado o pé para irmos ver o campo de concentração dali.

O primeiro campo de concentração aberto pelos nazis na Alemanha. Um dos mais importantes, maiores, onde até a realeza foi emprisionada, que serviu como modelo para todos os outros campos. Onde se mataram mais de 30.000 pessoas...

O meu lema sempre foi "lembrar para não esquecer". Até agora.

Agora que tenho esta criatura de 70 e poucos centímetros ao meu colo, tão vulnerável, tão frágil... E penso que poderia ter sido uma das criaturas de 70 e poucos centímetros que foram arrancadas dos braços de outras mães... Para nunca mais voltarem.

E para quê sujeitar-me a essa dor, a dor dos outros? Antes pensava que seria abnegação, "o mínimo que podiamos fazer para os lembrar e saudar", sentir aquilo que os outros sentiram para que nunca se desvalorizasse o sofrimento.
Agora não, resta-me saber e respeitar. E não, nunca esquecer.

Mas não sentir. Sentir é simplesmente insuportável...

2 comentários:

Queen of Hearts disse...

Acho que entendo perfeitamente o que queres dizer. Cada filme, cada livro, cada imagem, que me faz perceber a dor de uma mãe dilacera o meu coração.

Mi♥ disse...

Exactamente.
Se antes já doia ver o sofrimento e principalmente a maldade humana... Agora, é esmagador...!
Há certos filmes e até certas notícias que simplesmente prefiro ignorar... É uma ilusão, bem sei, mas gosto daqueles momentos em que penso que o mundo será cor-de-rosa e nada de mau vai acontecer à minha filha, nunca.
Pelo menos dá-me mais vontade de acordar para um novo dia.
Beijinhos e gosto de te ler por aqui... ;)