quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Juro que não sou racista...

A sério que não. Mas viver em Bruxelas despertou em mim um lado escuro, que até então desconhecia...

Isto relacionado com aqueles assassinatos em França. Quando ouvi pela primeira vez o que tinha acontecido, fiquei revoltada, assustada, mas sobretudo triste... Até ao ponto de me doerem as entranhas e pensar em como esta mundo está doente, sádico, assustador!

Mas depois li que os pais -assassinados - eram de origem iraquiana. E, sendo o mais sincera que consigo mesmo que isso me enoje a mim própria - não tive mais tanta pena. Pelas crianças, sim. Por eles não. Até cheguei a pensar "se lhes fizeram isto ou aquilo é porque eles fizeram pior" ou "deve ter sido uma vingança por algum mal que já devem ter feito" ou ainda "às tantas estavam a fazer alguma coisa às crianças e alguém viu e resolveu fazer justiça pelas suas próprias mãos".

Eu não era assim. Nunca fui. Sempre detestei as piadas racistas e sofria pela sofrimento dos outros, estivessem eles em que pais estivessem ou falassem eles a língua que falassem...

Agora não.

Agora não me meto com eles no transito (já tivémos péssimas experiências), tento nao me sentar ao lado deles no metro, nao frequento os mesmos lugares, aliás evito os lugares onde eles estão, e o mais importante, não quero a minha filha na mesma escola do que os filhos deles. Não quero e, se durante estes 6 anos (até ela entrar na escola) formos embora, é por isso. Porque não a quero a viver aqui, no meio deles.

E ao ler isto, que EU escrevi, não me reconheço...
Sair do nosso país, da nossa cidadezinha, do nosso meio social, da nossa bolha tem destas coisas. Muda-nos. Invariavelmente para melhor. Ou para pior.

Mi♥

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