terça-feira, 4 de setembro de 2012

A maternidade mudou-me.

Muito. 

Como eu não estava à espera, como não me pude preparar, como não pude preparar os outros. 
Aquilo que eu gostava antes, agora é aborrecido. Aquilo que eu detestava antes, agora parece-me interessante. 

Consigo viver bem com todas as mudanças. Excepto uma. Ele. Ou eu em relação a ele. 

Casámos cedo, porque assim quisémos. Porque viviamos neste amor conto-de-fadas, porque não queriamos passar um só dia sem o outro. 
Sempre tivémos altos e baixos. Pricipalmente porque a sabedoria popular não é assim tão sábia. Opostos atraem-se? Bem, talvez. Mas isso não significa que sejam perfeitos um para o outro. 

A perfeição é trabalhada, é feita de concessões, de mudanças, de amor, compreensão e paciência. 
Nós eramos perfeitos imperfeitos e eu gostava assim. 

Quando descobrimos que éstavamos grávidos, eu chorei. Ele riu. 
E eu sonhava, ingenuamente, expectante, com o pai "perfeito". Eu seria a mãe que cuida. Ele seria o pai que brinca. 

Mas, como tudo na minha vida, as coisas não correram como eu queria. Como eu planeava, como eu sonhava. Sei que sou demasiado promenorizada. Consigo até cheirar as fragrâncias nos meus sonhos. E peço demais. De mim especialmente, mas também dos outros. E crio expectativas altas. Não. Altíssimas. Para mim especialmente, mas também para os outros. Crio personagens perfeitas, com atitudes perfeitas, com diálogos perfeitos. Que depois não vivem senão na minha imaginação. E ele não é o pai perfeito. Perfeição como "eu" expectava... 

Isso pode explicar a pergunta que me assola mais frequentemente, durante estes meses: why is he so annoying? Porquê?! 
Porque é que as piadas que me faziam doer a barriga de tanto rir, já não têm graça? 
Porque é que a descontracção que me fazia sorrir, agora me irrita? 
Porque é que todos os miminhos, os beijinhos, todo o amor, já não me fazem "borboletas na barriga"? 

E o contrário também se aplica! Os meus hábitos, antes queridinhos e fofinhos, agora são apenas uma grande desorganização! O meu feitio, antes fofinho e queridinho, agora é apenas insuportável! 

Diz-se por aí que um filho testa o relacionamento e expôe a sua verdadeira natureza: se no fundo era estável, torna-se mais forte. Se no fundo era franzino, desaba. 

Ou é mais uma das 234.589 fases da maternidade e vai acabar por passar? 

Fazendo a ponte entre "o casal" e "agora somos três" pode ser maravilhoso, divertido, emocionante. 
Mas também pode ser exasperante, cansativo, preocupante.  

Mais uma vez, sou eu que exigo demais? Como é possível que este amor imenso se metamorfoseou de borboleta a lagarta?

Sem comentários: