quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

To creche or not to creche

A M. está com a minha mãe desde os 3 meses e meio de vida.
Felizmente, a mesma vida que me tirou o chão de debaixo dos pés, me fintou os planos e me trouxe a M. mais cedo do que previsto, também fez o milagre de trazer os meus pais e irmã para perto... E assim a M. pode ficar com eles...

Assim, ela está há exactamente um ano com a minha mãe e irmã... A minha mãe trabalha "em casa" de manhã e os planos da minha irmã estão on hold até Setembro. Ainda assim, sabendo da difícil tarefa que é encontrar uma creche aqui, começei a demanda...

E encontrei. Uma vaga numa das creches públicas, com excelentes condições. A 2 min da casa dos meus pais, 15min do meu trabalho... Tem um jardim enorme, fica numa rua cheia de árvores verdes, e a creche ainda com cheiro a novo... As puéricultrices (educadoras) dividem-se entre jovens, cheias de ideias e mais velhas, queridinhas...


Mesmo assim, decidi que não. A M. iria ficar com a minha mãe e irmã até Setembro. Em Setembro logo iria para a creche. Em Setembro ia em full-time. Em Setembro iria conseguir uma creche como esta. Em Setembro é mais do que tempo suficiente antes da entrada para o jardim escola (maternelle aos 3 anos) para se habituar ao ritmo e regras. Em Setembro teria mais tempo para me habituar à ideia. Em Setembro daria mais tempo à minha irmã para ir ganhando mais algum dinheiro (contando o que eu lhe pagaria). Em Setembro a minha mãe teria mais tempo para se habituar à ideia. E aqui estão as duas verdadeiras razões. A minha irmã e a minha mãe. Não penso no que a M. precisa. Penso no que será mais vantajoso para a minha irmã e no que será menos doloroso para a minha mãe.

Se a M. precisa desesperadamente de ir para a creche porque-se-não-será-um-bicho-do-mato-que-não-sabe-socializar-e-que-não-gosta-de-brincar-ou-fazer-qualquer-outra-actividade-em-grupo-ou-será-uma-criança-que-precisará-de-apoio-extracurricular-porque-não-foi-para-a-creche-e-portanto-não-sabe-fazer-contas-de-dividir-aos-3-anos-e-meio? Não! Não! e Não!!! Ela É uma criança feliz, desenvolvida, que anda desde os 10 meses, que diz um monte de palavras novas, que sabe como faz o cão e o gato e o pássaro e o cavalor e o porco e a vaca, que sabe cantar algumas músicas da Galinha Pintadinha e sabe (muito bem, demais até) pedir quando quer ouvir a "inha", que sabe identificar o papá, a mamã, o vôvô e a vóvó (e sim, percebe-se bem a diferença), a tátá, a dá (a amiga Daniela), e principalmente que é muito, mas muito feliz!

Mas será que ela não precisa de ser mais criança ainda? E deixar de brincar com as panelas e os tachos e abrir gavetas de meias e começar a brincar com outros meninos?

Na Segunda-feira (depois de ter ligado essa manhã a dizer "não, obrigada ela vai só em Setembro porque isso me acalma mais o coração") tivemos outra visita a outra creche. E sabem que mais? Não havia nenhuma criança na creche, todas já tinham regressado a casa. Mas a M. Adorou. Adorou os brinquedos, adorou o espaço, adorou a atenção, adorou o jardim... Chorou para vir embora. Se estivesses lá outras crianças desconfio que tinha que a trazer de arrastão pelo chão enquanto ela se tentava agarrar ao cimento no chão.

Sim, não vai ser sempre assim. Sim, claro que ela vai adorar os primeiros dias e chorar quando o que é novidade perder o interesse. Mas depois da adaptação feita, sei que ela vai continuar a adorar... Os amiguinhos, a atenção, as historinhas, as danças e cantorias, os desenhos, as aulas de culinária, os dias de piscina no jardim, a horta, as brincadeiras... E o carinho, o afecto, os miminhos, os abracinhos e os beijinhos da mamã, da vovó, da tatá? Esses estarão lá sempre... à espera que ela chegue da sua nova aventura.



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