Há coisa de umas duas semanas, andei afixionada com um documentário sobre um homem na Inglaterra que salvou quase 900 crianças durante o governo nazi. Sem vanglorismos, sem orgulhos, com uma humildade brutal, um sentido de dever sem esperar nada em troca. Tocou-me por muitas razões.
Porque sou mãe e senti a angústia daqueles pais que preferiram despedir-se dos seus filhos entregando-os a desconhecidos do que o outro destino que já lhes estava traçado.
E porque sou ser humano e quero acreditar que faria o mesmo que este homem fez, pondo em risco a minha própria vida por outros seres humanos. Sem procurar vantagens próprias, procurando unicamente a vantagem dos outros, com sentido de dever, de obrigação moral, de "não estar a fazer nada mais que aquilo que deveria". quero muito não fechar os olhos e esperar que passe, se alguma vez o futuro for tão cruel de novo.
Mas custou ver aquilo. Lembrar-me do que aqui se passou, tão perto de nós tanto fisicamente quanto em distância de anos. Ainda está tão perto, tão fresco... E parece que ninguém se lembra mais. Lembrar dói. Muito. Tanto. Mas é bom. É bom não esquecer, nunca.
Não chegava isto para me pôr o coração apertadinho, soube ontem que um pai, numa rua ao lado da minha, atirou o filho de cinco anos pela janela do 11º andar, atirando-se ele próprio de seguida enquanto a mãe entrava em casa para tentar evitar o desastre...
E mais uma vez, não consigo abafar a dor. Meu Deus, que dor...! Que sofrimento. Que angústia. Que perplexidade. Raiva, frustração. Quase consigo fechar os olhos e imaginar-me no papel daquela mãe...
Esta minha empatia já me valeu um ataque de pânico hoje. Mas claro, sádica como só eu, ainda tive que abrir o link que dizia "As horripilantes fotos post mortem".
Please, shot me now.
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