quarta-feira, 23 de julho de 2014

Fica comprovado mais uma vez que eu não devo ser uma pessoa normal.

Há coisa de umas duas semanas, andei afixionada com um documentário sobre um homem na Inglaterra que salvou quase 900 crianças durante o governo nazi. Sem vanglorismos, sem orgulhos, com uma humildade brutal, um sentido de dever sem esperar nada em troca. Tocou-me por muitas razões.
Porque sou mãe e senti a angústia daqueles pais que preferiram despedir-se dos seus filhos entregando-os a desconhecidos do que o outro destino que já lhes estava traçado.
E porque sou ser humano e quero acreditar que faria o mesmo que este homem fez, pondo em risco a minha própria vida por outros seres humanos. Sem procurar vantagens próprias, procurando unicamente a vantagem dos outros, com sentido de dever, de obrigação moral, de "não estar a fazer nada mais que aquilo que deveria". quero muito não fechar os olhos e esperar que passe, se alguma vez o futuro for tão cruel de novo.
Mas custou ver aquilo. Lembrar-me do que aqui se passou, tão perto de nós tanto fisicamente quanto em distância de anos. Ainda está tão perto, tão fresco... E parece que ninguém se lembra mais. Lembrar dói. Muito. Tanto. Mas é bom. É bom não esquecer, nunca.

Não chegava isto para me pôr o coração apertadinho, soube ontem que um pai, numa rua ao lado da minha, atirou o filho de cinco anos pela janela do 11º andar, atirando-se ele próprio de seguida enquanto a mãe entrava em casa para tentar evitar o desastre...

E mais uma vez, não consigo abafar a dor. Meu Deus, que dor...! Que sofrimento. Que angústia. Que perplexidade. Raiva, frustração. Quase consigo fechar os olhos e imaginar-me no papel daquela mãe...

Esta minha empatia já me valeu um ataque de pânico hoje. Mas claro, sádica como só eu, ainda tive que abrir o link que dizia "As horripilantes fotos post mortem".

Please, shot me now.







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