quinta-feira, 17 de julho de 2014

Baby-friendly

Numa destas noites, comecei a pensar na polémica de existirem restaurantes baby-friendly e restaurantes - como se dirá? - non baby-friendly? Baby unfriendly? Baby incompatible?

E lembrei-me de escrever um post sobre essa temática, explicando que apesar do meu estatuto de mãe, também não me desagrada a ideia de existirem sítios para "adultos", ou sítios onde sabemos que à partida não vamos encontrar choro, birras pra comer, miúdos a correr, ou até risos altos.

Ui, que coisa grotesca de se dizer! "tens a certeza que és mãe???"

Sim, tenho. As minhas olheiras e anos de vida perdidos assim o comprovam. Mas é exactamente por isso que acredito na teoria de restaurantes que não "aceitem" ou vá, desaconselhem os seus clientes a levar bebés.

Quando vocês, pai e mãe, conseguem corajosamente despegar-se da sua cria, deixando-a em casas alheias (normalmente de avós e pessoas de confiança que, no entanto, não acalmam a sensação de abandono. Dos pais, claro.) e vão jantar, ao cinema, ao teatro, enfim ter um momento a sós, acham mesmo que o que vocês querem é levar com birras, berros, choros, ou até mesmo risos altos (que ainda vos agravem o senso de abandono) de outra cria que não a vossa!?

A sério, querem mesmo estar a jantar sossegadamente e não conseguirem ouvir uma palavra do que o vosso companheiro/amigos estão a dizer porque está uma criança a fazer barulho ao vosso lado? Para isso não saem de casa. Essa já é a vossa vida todos os santos dias.

Eu falo por mim e pelos meus. Quando saio à noite, evito trazer a M. comigo. Não é bom para ela, porque um restaurante lá é sítio para levar miúdos! A menos que seja daqueles, lá está, baby friendly que até têm uma data de coisas giras e engraçadas à disposição da criançada. E para esses, já sabemos ao que vamos.

Mas fora em situações excepcionais, o jantar fora é um momento de relax, de intimidade, de respirar fundo, olhar para o lado e não ter que me preocupar em se tenho uma miúda eléctrica a cair-me das cadeiras, ou a deixar de comer, ou a correr pelo restaurante.

Se calhar há miúdos tão sossegadinhos que nem damos por eles. E os pais desses podem dizer "pois, mas o meu Joãozinho é tão sossegadinho, que nem corre, nem fala alto, come sozinho e até já o confundiram com um homem estátua, só para veres o quão sossegadito o meu menino é."

Se têm miúdos assim, epá parabéns. Realmente iria reparar tanto nesses miúdos como na decoração. Mas, será que um restaurante "de adultos" é mesmo o sítio onde querem levar o vosso filho? Mesmo que ele se porte bem? Os miúdos querem é comer e andar, não querem ficar à mesa a conversar sobre o estado económico do país. E acabam sempre por ficar agarrados ao tablet ou ao telemóvel a ver o Ruca e o Pocoyo para toda a gente ouvir.

P'lo amor de Deus, deixem-me essas crianças em casa, com os avós/tios/primos/amigos que todos agradecem. A fazer macacadas, a brincar aos índios, a andar de bicicleta até escurecer, a comerem porcarias proibidas pelos pais e a deitar-se tarde e a más horas. Eles agradecem. E as pessoas ao vosso lado também.





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