quarta-feira, 13 de agosto de 2014

As razões que levam alguém a ser mãe.

Eu já fui mãe.

Eu nunca pensei muito nisto de "ser mãe". Era um daqueles sentimentos que iria descobrir mais tarde, por volta dos 30. E ainda ia muito a tempo. Mas a Mariana trocou-me as voltas e não decidi eu a hora, decidiu ela que já era altura. Ok. Pode ter sido inesperado e até desesperante, mas bem vistas as coisas foi no momento certo.

Agora penso que talvez esteja na hora de ser mãe de novo.

Depois da Mariana nascer, pensei que ia ficar-me por ali. Que um amor tão grande era impossível de ser dividido. Ela preenchia-me (e preenche-me) de forma tão completa que não preciso de outro amor assim.  Nem acho que tenho espaço em mim para outro amor assim.

Bem vistas as coisas, nem tenho grandes amizades e laços de irmãos como exemplo na minha vida. Nem sempre um irmão é o sinónimo de um amigo de sempre e para sempre. Não é, definitivamente, esse o caso com o R. E, a diferença de personalidades tão abismal entre mim e a minha irmã também nunca permitiu que essa cumplicidade nascesse. Eu sou mais uma segunda mãe dela. Protectora, galinha mesmo, exigente, um modelo que ela acha que deve seguir.

Mas ela não é a primeira pessoa a quem recorro quando preciso. Nem a segunda, infelizmente. Bem, é assim a vida. As pessoas são diferentes, tão diferentes. Mesmo quando foram criadas pelo mesmo pai, pela mesma mãe, na mesma casa.

Mas isto de ter outro filho anda impregnado em mim. Na minha cabeça, no meu coração, no contorcer-se das minhas entranhas e no abafado do meu peito.

Será que ter um filho para dar um irmão/irmã à Mariana, é a razão que devia motivar alguém a ser mãe? Um filho como um brinquedo? Uma distracção? Um amigo?

Será que o segundo filho é isso mesmo...? Um presente para o primeiro? Será isso uma premissa válida? Não me parece nada...

Mas sendo assim, qual é a necessidade do segundo filho? Sim, assim crua e fria - necessidade. O amor que nos enche no peito não é já mais do que podemos conter? Não estamos completos? Não somos felizes, inteiramente felizes?

Não duvido que o resultado de se ser mãe pela segunda vez seja outro amor imensurável. Mas não será sempre um segundo...?

Não será até imoral ser-se mãe de novo sob estes pretextos generalizados da necessidade de um filho ter um irmão?

Por outro lado, se não tivessemos já o primeiro, não quereriamos o segundo que na verdade seria o primeiro!?

Não consigo deixar de sentir que isto tudo é uma grande injustiça. Injustiça para o primeiro, a cobaia, o sujeito de testes, aquele que "vamos ver se isto funciona" e injustiça para o segundo, o que fica com as Barbies já de cabelo rapado, com as roupas guardadas, com a vida em segunda mão.

2 comentários:

Maria da Lua disse...

Não penses demais ;)

Mi♥ disse...

Verdade, sou uma over-thinker por natureza! :)