Estive a tentar lembrar-me assim de cabeça qual
foi o último assunto neste blogue e não consegui.
Deve ser sinal que não escrevo hà pra lá duma
década. Mas não faz mal. O tempo de auto-flagelo por não escrever aqui
regularmente, já lá vai. Afinal, nem sempre temos vontade de ler as mesmas
coisas. Nem sempre temos vontade de ver a mesma série com um enredo pesado. Às
vezes queremos só ficar a ler ou ver parvoíces, num estado de pura letargia.
E apetece-me escrever quando me apetece.
Hoje apetece-me. Ponto.
Apetece-me talvez porque tenha necessidade de
exorcisar sentimentos e a minha melhor amiga está a meio do trabalho, a 2000km
de distância. Porque a minha mãe vai ter uma opinião suspeita, ou porque a
minha irmã e os meus amigos aqui não iam entender... Ou porque a única pessoa que me ajudaria, ele, está exactamante no mesmo barco.
O tema já o abordei aqui; na minha vida. É algo
como a moda: renasce e passa, para voltar depois com mais força.
Acho que poderei estar/ficar grávida. Na
verdade, a minha razão diz-me que não, que estou a interpretar mal os sintomas.
Talvez o que eu queira mesmo dizer é: acho que
queria muito estar grávida.
Durante muito tempo depois da Mariana
nascer, há 3 anos e meio nem pensava em mais bebés! Afinal, ela veio muito
antes do tempo que tinhamos determinado para começar a ter filhos (que não era
nem agora), e eu achava (ainda acho) que éramos super novos e ainda tinhamos
tanto pra viver antes de ficarmos "presos" na rotina e nas
responsabilidades.
Foi assim? Sim. E não. Como (quase) sempre
a minha expectativa e muito pior do que a minha realidade. E
isso acaba por fazer que não aproveite o momento, porque estou
sempre à espera de quando a minha expectativa se concretizará.
Muitas vezes, nunca.
Houve alturas neste caminho em que quis
desistir. Mas chegou a hora de ser sincera...
Não me apeteceu desistir por ser mesmo difícil
demais, como sempre argumento.
Ou por ter não ter disponibilidade financeira,
por ter horários malucos, por ter um trabalho que exigisse muito de mim ou ainda
porque a miúda fosse muito difícil de aturar. Que é um furacao, é. Mas comecou
a dormir uma noite seguida a partir das 4 semanas... até hoje dorme a noite
toda! Entretem-se bem com qualquer coisa, acorda tarde aos fins-de-semana,
regra geral leva-se bem.
Quis desistir porque sou preguiçosa. E egoísta.
Somos.
E agora, ao ponderar um segundo filho, não temos
dúvida se vamos conseguir gerir o tempo, se conseguimos prover para os dois ou
se temos ajuda caso cheguemos ao nosso limite!
Temos dúvidas egoístas. Achamos que estamos bem, calmos, numa vida fácil e
finalmente a chegar àquela altura em que podemos viajar sozinhos de novo,
empenhar-nos num projecto nosso ou em ficar a tarde inteira no sofá sem pensar
em horários de mamar, fazer sopas, trocar fraldas, ou se é hora de ele/ela
fazer xixi.
Claro que também me assolam (e
deixam o meu coração apertadinho) as dúvidas mais sérias: e se tem algum
problema de saúde? Educar um neste mundo já é tão difícil, para que meter-me no
problema agravado de educar DOIS, de livre vontade? Pensamos que as despesas de mais um filho vão-nos limitar em comprar aquele baton extras, ou a moto nova que ele queria. Que já não vamos caber na roupa nova que adoramos durante algum tempo, ou ter tempo para nos aranjar (admito, sou so eu que penso nisto).
Lembramo-nos daqueles dias em que não temos nada na despensa porque não nos apeteceu ir às compras e como é tão difícil inventar alguma coisa para um, quão mais para dois!
E é isto que nos desmotiva.
Coisas egoístas.
Se calhar para outros isto não é egoísmo. Pois não, não é. Mas no nosso
caso, eu acho que sim. Nós queremos
uma família maior. Eu não me vejo no futuro só com uma filha (apesar de não me
ver agora com dois). E deixamos que estes desejos nossos, egoístas, de inércia,
interfiram no futuro que queremos construir.
Queria escrever isto para mim.
Se a loucura se concretizar, eu sei que estarei aqui dentro de alguns meses a
arrepender-me amargamente desta decisão.
Entao, lê isto: a vida é
sempre assim, um ciclo. Nem em todos os momentos vais estar feliz com as tuas
escolhas ou as que a própria vida, fez por ti. Lembras-te quando tiveste a
Mariana? Imaginas a tua vida sem ela? Sem os abraços apertados, os beijinhos
babados, os sorrisos, as parvoíces, as tardes a duas?
Se tiveres que chorar, chora. Se
tiveres que entregar os dois à tua mãe por um dia, entrega.
Mas acalma-te. É só mais uma
fase. Vai passar... Aproveita porque realmente o tempo voa. Sabe que nunca um
cliche fez tanto sentido! O teu agora
pode estar a afundar-se, mas lembra-te de quem sempre te puxa para cima. Não te
isoles. Aceita ajuda. Aceita também que não podes controlar tudo. Nem tentes.
Vai empurrando a vida com a barriga, com 4 barrigas. É assim que deve ser.
Nem tudo é perfeito. Nem tudo
o que vemos é perfeito. Especialmente no mundo virtual. Desapega-te. Vive a TUA
vida, não a vida que achas que devias estar a viver. Vê o positivo, o copo meio
cheio. Fecha os olhos e imagina o teu futuro: as conversas, as viagens, as
risadas, o companheirismo, a amizade, o amor. A 4.
Pára de pensar que és nova
demais!!! Não és. Lembra-te que queres qproveitqr dos teus filhos muitos anos.
Ainda queres estar presente em muitos momentos da vida deles; com vigor. A vida
vive-se agora. Não deixes para amanhã. Não penses que estas a perder algo de
bom. Olha bem à tua volta. O que te falta!? Lembra-te como os teus colegas te
invejam. Sê sincera contigo. Tu consegues, só não sejas preguiçosa! Conhece os
teus limites. Larga o telemóvel…! Mantém a vossa rotina e sai da rotina! Olha
para as carinhas deles; dos três. vê ali o TEU tesouro, a tua contribuição. Talvez
nunca sejam conhecidos no resto do mundo, mas serão, para sempre, o TEU mundo. Agradece.
Respira. Acalma-te. Vai
passar...
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