quinta-feira, 16 de abril de 2015

Viagens e ela


 
Fechando os olhos e relembrando aqueles dias, nem parece realidade.
O planeamento foi minimo. Começou com uma viagem de 5 dias a Nova Iorque no Inverno e, rapidamente se transformou numa viagem ao outro lado do mundo de 15 dias.

Quatro meses depois embarcámos os 4 amigos, sem a M. Ela seguiu no mesmo dia, no mesmo aeroporto com um destino completamente diferente: Portugal, avós, primos e o seu melhro amigo de quatro patas, que adora!

Levá-la para um destino destes nunca esteve em questão. Não que tenhamos receio de viajar com ela! As nossas primeiras férias a três foram quando ela tinha 10 meses, em Itália. Uma viagem de carro de mais de 10h, durante 10 dias a visitar o Norte: Verona, Veneza que não é bem baby-friendly!... Correu super bem e lembro-me sempre com muito carinho dessas primeiras férias!

A segunda vez, com quase dois anos, foi para Espanha. De novo 12h de carro, com dois casais de amigos com filhas. Desta vez, talvez pela excitação de estar com outras crianças, pelo facto de já andar (correr, na verdade!) as coisas complicaram-se mais um bocadinho. A energia dela non-stop esgotou-nos a todos e a minha tendência parva de a comparar as outras duas miúdas (uma com 8 anos e super sossegada, a outra com um problema grave de saúde que faz com que com 5 anos, ela para perceberainda nao ande ou fale) fez-me não aproveitar da minha filha, como ela é. Serviram que tenho que ser eu a aceitar e adaptar-me a ela, e o contrário apenas nos esgotará.

A terceira viagem (fora todas as vezes que vamos a Portugal), foi à Grécia o ano passado. Oito dias, 4 horas num avião. Mais uma vez, é uma das melhores lembranças que tenho. Fomos tão, mas tão felizes, os três.
 
Viagens com ela, é descomplicar.
Este ano ainda planeamos fazer uma viagem a três, nim destino de praia. Mas também sentimos que precisávamos de um momento para nós, como casal. Ha tres anos e meio que, à parte de algumas escapadinhas de fim-se-semana, nao partiamos numa aventura só a dois.

Foi difícil pensar em deixá-la. Não que levá-la fosse uma probabilidade porque nunca foi. Simplesmente porque não seria o melhor para nenhum dos três. Especialmente para ela que não dorme no avião (e tivemos 7+8h de ida mais 8+9h de volta, fora os voos internos!), que não se dá bem com o calor (que era insuportável!), faz alergia à picada de mosquitos, ainda tem muito medo do contacto mais directo com os animais... Não era, de todo, uma viagem que ela fosse usufruir. E foi tão feliz em Portugal, com os avós que so vê duas vezes por ano, com o primo "o seu amole", com o cão que queria trazer para na mala... Tão feliz que nem se interessava em falar com os pais ansiosos que a esperavam todos os dias no computador.

Foi difícil deixá-la mais pelo receio do julgamento alheio das pessoas próximas. Eu sabia que não era o melhor para ela, nem para nós. Ainda assim, “sofri” por achar que não seria uma boa mãe por não estar a usar todo o meu tempo livre de trabalho para ela, com ela.

Esqueci-me por momentos de que também sou mulher, também sou esposa. Eu não sou só mãe. E se viver só para ser “mãe”, mais cedo ou mais tarde as outras facetas do meu ser vão ressentir-se com a mãe que há em mim, que as desprezou. Não é egoísmo valorizarmo-nos também a nór póprios. Pelo contrário, só assim a “mãe” pode ser revigorada, energizada. Quando as outras partes que nos fazem mulher se sentirem bem. Foi isso mesmo que senti! Que voltei com mais paciência, com mais energia para competir com ela, com mais serenidade e a apreciar a “mãe” que também sou.
Senti também que ela não teve grandes saudades nossas, tão entretida que estava! Para dizer a verdade, nós tambem ultrapassamos bem as saudades, que apertavam mais o meu coraçãozinho quando a via sem poder tocar-lhe.

Um dos meus medos em tornármo-nos quatro é sentirque não vou poder usufruir destes momentos. Das férias se tornarem um pesadelo com regras e birras e discussões entre miúdos, ao invés de um carregador de bateria. De talvez não voltarmos a repetir umas férias à aventura a dois, tão cedo.

Mas foi tão bom, para os três. Será bom para os quatro também.  

E voltaremos a repeti-lo porque como diz o R. "quem fica com um, fica com dois", ou “o amor de avós também estica”.
Desta vez, desde o início sem medos de julgamentos porque a vida corre demasiado depressa para nos preocuparmos com o que dizem as pessoas na margem.

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